DIA DAS MÃES

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Ser Criança

Ser criança é viver
É viver no mundo encantado
É viver na fantasia


Edilson Gomes
gestor

PARABENS PROFESSOR
                                                                                                  AUTOR: José de Ribamar Carvalho Filho
É O PROFESSOR QUE NOS LEVA A ENCONTRAR
 O CAMIHO QUE TODO MUNDO SONHA.
NOS TIRA DO MUNDODA VERGONHA,
AJUDANDO AS LETRAS DECIFRAR.

COM A FORÇA QUE BROTA DO SEU SER
NOS CONDUZ PARA A CORRETA DIREÇÃO.
EMPRESTA A ALMA, SENTIMENTO E CORAÇÃO
PARA INSERIR-NOS NO MUNDO DO SABER.

COM PRAZER ENSINA A CONTEMPLAR,
MESMO AS COISAS MAIS SIMPLES DESSE MUNDO.
É QUEM SEMPRE ABRE A PORTA PRO ARTISTA,

LUTA CONTRA O ANALFABETISMO IMUNDO,
TORNA A VIDA MAIS CHEIA DE CONQUISTA.
SÓ RESTA AQUI A ELE PARABENIZAR.

sábado, 9 de outubro de 2010



Humberto de Campos Veras (Miritiba, 25 de outubro de 1886 — Rio de Janeiro, 5 de dezembro de 1934) foi um jornalista, político e escritor brasileiro.




Biografia 

Era filho de Joaquim Gomes de Farias Veras e Ana de Campos Veras. Nasceu no então município maranhense de Miritiba - hoje batizado com o seu nome. Com a morte do pai, aos sete anos, mudou-se para São Luís e, aos dezessete, foi para o Pará, onde trabalhava como jornalista. 

Aos 24 anos publica seu primeiro livro de versos (1910), intitulado "Poeira", que lhe dá razoável reconhecimento além do Norte e Nordeste. Dois anos depois muda-se para o Rio de Janeiro, continuando a carreira jornalística e, como ativista, tornou-se famoso sob o pseudônimo de Conselheiro XX. 

Em 1920 ingressa na política, elegendo-se deputado federal pelo estado natal, e renova-o, sucessivamente, até perder o mandato com a Revolução de 1930. Getúlio Vargas, admirador do escritor, nomeia-o diretor da Casa Ruy Barbosa. 

Sem estudos, Campos entretanto foi um dos grandes autores brasileiros, mesmo que seus escritos não tenham o merecido destaque. Inovou nas crônicas, adicionando ao estilo novos elementos. Quando adoeceu, mudou completamente seu estilo: de mordaz e cômico, transformou-se num arauto em defesa dos menos favorecidos, encontrando agora consolo por parte dos mais pobres. 

Abandonado pelos parentes e antigos amigos poderosos, persiste contudo em sua nova e definitiva fase. Recebe dezenas de cartas de pessoas carentes. Submete-se a várias operações, fica cego, e assim falece, justamente quando nascera um "novo" Humberto de Campos. 
Academia Brasileira de Letras 

Eleito para a cadeira 20, cujo patrono é Joaquim Manuel de Macedo, da qual foi o terceiro ocupante, foi recebido a 8 de maio de 1920, por Luís Murat. 
Obras 

Além do Conselheiro XX, Campos usou os pseudônimos de Almirante Justino Ribas, Luís Phoca, João Caetano, Giovani Morelli, Batu-Allah, Micromegas e Hélios. Deixou Humberto de Campos um diário secreto, publicado postumamente, causou enorme polêmica, destilando o autor críticas e comentários mordazes aos seus contemporâneos. 

Além de Poeira, publicou: 

Da seara de Booz - crônicas - 1918 
Vale de Josaphat - contos - 1918 
Tonel de Diógenes - contos - 1920 
A serpente de bronze - contos - 1921 
Mealheiro de Agripa - 1921 
Carvalhos e roseiras - crítica - 1923 
A bacia de Pilatos - contos - 1924 
Pombos de Maomé - contos - 1925 
Antologia dos humoristas galantes - 1926 
Grãos de mostarda - contos - 1926 
Alcova e salão - contos - 1927 
O Brasil anedótico - anedotas - 1927 
Antologia da Academia Brasileira de Letras - participação - 1928 
O monstro e outros contos - 1932 
Memórias 1886-1900 - 1933 
Crítica (4 séries) - 1933, 1935, 1936 
Os países - 1933 
Poesias completas - reedição poética - 1933 
À sombra das tamareiras - contos -1934 
Sombras que sofrem - crônicas - 1934 
Um sonho de pobre - memórias - 1935 
Destinos - 1935 
Lagartas e libélulas - 1935 
Memórias inacabadas - 1935 
Notas de um diarista - séries 1935 e 1936 
Reminiscências - memórias -1935 
Sepultando os meus mortos - memórias - 1935 
Últimas crônicas - 1936 
Contrastes - 1936 
O arco de Esopo - contos - 1943 
A funda de Davi - contos - 1943 
Gansos do capitólio - contos - 1943 
Fatos e feitos - 1949 
Diário secreto (2 vols.) - memórias - 1954 
Psicografia 

É polêmica antiga no meio jurídico o valor probatório da psicografia. O caso mais famoso indubitavelmente foi o de Humberto de Campos. A partir de 1937, três anos após a morte de Campos, várias crônicas e romances atribuídos ao escritor começaram a ser psicografados pelo médium brasileiro Chico Xavier. Entre as obras, todas editadas pela Federação Espírita Brasileira, a de maior notoriedade entre os espíritas brasileiros foi Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. No ano de 1944, a viúva de Humberto de Campos ingressou em juízo, movendo um processo contra a Federação Espírita Brasileira e Francisco Cândido Xavier, no sentido de obter uma declaração, por sentença, de que essa obra mediúnica "era ou não do 'Espírito' de Humberto de Campos", e que em caso afirmativo que ela tivesse os direitos autorais da obra. O assunto causou muita polêmica e, durante um bom tempo, ocupou espaço nos principais periódicos do País. A Autora, D. Catarina Vergolino de Campos, foi julgada carecedora da ação proposta, por sentença de 23 de agosto de 1944, do Dr. João Frederico Mourão Russell, juiz de Direito em exercício na 8º Vara Cível do antigo Distrito Federal. Tendo ela recorrido dessa sentença, o Tribunal de Apelação do antigo DF manteve-a por seus jurídicos fundamentos, tendo sido relator o Ministro Álvaro Moutinho Ribeiro da Costa.
Professor Assis proporciona a  seus alunos  aula em locus para que assim  presencie na prática tudo que lhes é ensinado em sala de aula.

U.E. Gonçalves Dias 










Professor Assis Parabéns

Aula de Campo - Poluição dos rios 


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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Projeto de Leitura

Tema: Acriança aprende e se diverte no mundo das letras.
Eixo Temático: A leitura
Colégio: Unidade Escolar Gonçalves Dias
Componente Curricular: Todas as disciplinas
Publico alvo: Ensino fundamental 1º /5º ano
Duração: bimestre
Justificativa
O que temos assistido durante todos esses anos de atuação na área de educação é um grande fracasso no que diz respeito o gasto pela leitura por parte dos alunos. Nota-se grande ansiedade dos professores em despertar nos educando o interesse pela leitura procurando mostrar que está pratica deve se fazer presente em nossas vidas e que devemos considerar como uma ponte para o conhecimento que nos leva ao desenvolvimento e ao exercício pleno de nossa cidadania. São inúmeras técnicas, incansáveis tentativas que o professores buscam para vencer esse broqueio e mudar essa realidade na qual os alunos chegam a 4º série do Ensino Fundamental sem o domínio da leitura e da escrita. Com a intenção de contribuir de forma de forma significativa elaboramos este projeto de leitura para levar aos alunos mais um incentivo para o exercício de leitura lúdica e prazerosa. Através das atividades aqui propostas esperamos ajudar o educando da Unidade Escolar Gonçalves Dias se tornar sedados.

Objetivo geral:
Criar condições favoráveis à pratica de leitura na escola, com vistas a contribuir co a formação de cidadãos leitores competentes.
Objetivos específicos:
Identificar diversos tipos de textos literários.
Reconhecer a literatura como estratégias para a busca de novos conhecimentos.
Reconhecer os diversos gêneros literários.
Diferenciar textos não literários de textos literários.

Procedimentos metodológicos

MÍDIA ATIVIDADES METODOLOGIA
Computador internet Pesquisa letras e musicais Cada aluno pesquisa sobre cantor música preferida e coreografia
Computador (writer) Digitar questionários Elaboração de questionário e entrevistas para avaliação diagnostica das atividades
Digitar texto Elaboração e organização poesias, contos e historias criadas pelos alunos
Digitação de texto Construção de letras informativos, com noticias da cidade do cantores m
Computador (paint tuxt) Desenhar Elaboração de desenhos para ilustrar historia e contos criados pelos alunos.
Computador (impress) Elaborar slide Elaboração de slides das historias criadas pelos alunos
Impressos ( livros revistas ) Leitura e pesquisa Leitura de livros na biblioteca da escola
TV/dvd Exibição de filmes, músicas Filmes dos clássicos da literatura infantil; musicais,
Arte cênica Dramatização Jogral, versos, peças teatral



AVALIAÇÃO: Será realizada por meio dos avanços nas habilidades de leitura e escrita.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

SONETO DA TRAIÇÃO

A traição é como uma flecha em disparada
Carregada com bastante ingratidão.
Fere o nosso sentimento e a emoção,
Deixando a alma assim dilacerada.

E a perfídia que ataca o nosso ser
Para no campo do desprezo nos jogar.
Bate até palmas para o nosso rastejar,
Chega atirar nossa vontade de viver.

Da a coragem de apagar a própria luz
Quando na vida não se encontra mais a graça.
É uma força que ao desespero nos conduz.

É como o beijo que nos leva à cruz.
A traição gentilmente nos abraça
Da forma vil como abraçou Jesus.

Autor: José de Ribamar C. Filho

Meu cajueiro...



"Aos treze anos da minha idade, e três da sua, separamo-nos, o meu cajueiro e eu. Embarco para o Maranhão, e ele fica. Na hora, porém, de deixar a casa, vou levar-lhe o meu adeus. Abraçando-me ao seu tronco, aperto-o de encontro ao meu peito. A resina transparente e cheirosa corre-lhe do caule ferido. Na ponta dos ramos mais altos abotoam os primeiros cachos de flores miúdas e arroxeadas como pequeninas unhas de crianças com frio.
- Adeus, meu cajueiro! Até à volta!
Ele não diz nada, e eu me vou embora.
Da esquina da rua, olho ainda, por cima da cerca, a sua folha mais alta, pequenino lenço verde agitado em despedida. E estou em São Luís, homem-menino, lutando pela vida, enrijando o corpo no trabalho bruto e fortalecendo a alma no sofrimento, quando recebo uma comprida lata de folha acompanhando uma carta de minha mãe: "Receberás com esta uma pequena lata de doce de caju, em calda. São os primeiros cajus do teu cajueiro. São deliciosos, e ele te manda lembranças..." 


"Humberto de Campos"

domingo, 3 de outubro de 2010

Aluísio Azevedo

 

14/04 /1857, São Luís (MA)
21/01/1913, Buenos Aires, Argentina
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
Divulgação/ABL
Divulgação/ABL
Aluísio Azevedo, autor de O Cortiço, obra-prima da literatura brasileira

Como um jornalista, Aluísio Azevedo ia aos locais onde pretendia ambientar seus romances, conversava com as pessoas que inspirariam suas personagens, misturava-se a elas. Procurava assim reproduzir o mais fielmente possível a realidade que retratava. Além disso, desenhista habilidoso, às vezes, desenhava suas personagens em papel cartão, recortava-as e as colocava em ação, num teatro para si mesmo, de modo a visualizar as cenas que iria narrar.

Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo foi um crítico impiedoso da sociedade brasileira e de suas instituições. Abandonou as tendências românticas em que se formara, para tornar-se o criador do naturalismo no Brasil, influenciado por Eça de Queirós e Émile Zola. Seus temas prediletos, focados na realidade cotidiana, foram o anticlericalismo, a luta contra o preconceito de cor, o adultério, os vícios e a vida do povo humilde.

Nascido em São Luís, Aluísio viajou para o Rio de Janeiro aos 17 anos a chamado do irmão, o teatrólogo Artur Azevedo. Começou a estudar na Academia Imperial de Belas-Artes e logo passou a colaborar, com caricaturas e poesias, em jornais e revistas.

A partir da publicação de seu primeiro romance, Uma lágrima de mulher (1880), em estilo romântico e extremamente sentimental, viveu durante 15 anos do que ganhava como escritor. Por isso, sua obra pode ser dividida em duas partes: a primeira, romântica, escrita para agradar o público e vender bem, de modo a garantir-lhe a sobrevivência. A segunda, naturalista, para expressar sua visão de mundo e as mazelas do Brasil. Foi esta que lhe deu destaque na história da literatura brasileira.

É o caso de O mulato, publicado em 1881, no auge da campanha abolicionista, que provocou um grande escândalo. O autor tentava analisar a posição do mestiço na sociedade maranhense de seu tempo e atacou o preconceito racial. Até 1895 escreveu 19 trabalhos, entre romances e peças teatrais. Continuou colaborando em jornais e revistas, com caricaturas, contos, críticas e novelas. Ele próprio tentou lançar em São Luís um periódico anticlerical intitulado O Pensador, no mesmo ano de publicação de O mulato. A reação hostil da sociedade provinciana e do clero fez com que voltasse definitivamente para o Rio de Janeiro.

Ao ingressar por concurso na carreira diplomática, em 1895, encerrou a sua história literária. A serviço do Brasil, esteve na Espanha, Japão, Uruguai, Inglaterra, Itália, Paraguai e Argentina, onde morreu.

Além de O mulato, os romances que o consagraram perante a crítica e o público culto foram: Casa de pensão (1884), inspirado num caso da crônica policial do Rio, que descreve a vida nas pensões chamadas familiares, onde se hospedavam jovens que vinham do interior para estudar na capital; e O cortiço (1890), considerado sua obra-prima, onde narra, em linguagem vigorosa, a vida miserável dos moradores de duas habitações coletivas.

O Ateneu

 Raul Pompéia

Surgido pela primeira vez em 1888, no Gazeta de Notícias, O Ateneu é um dos romances mais curiosos da Literatura Brasileira, pois escapa a qualquer classificação rígida de periodização literária.

A data de sua publicação o coloca no Realismo. De fato, possui fortes afinidades com tal escola, já que apresenta uma característica marcante desse momento estético: a preocupação em criticar a sociedade num tom perpassado de pessimismo. No entanto, há inúmeros desvios que o impedem de ser um romance puramente realista.

Em primeiro lugar, deve-se lembrar que a obra é memorialista. Seu narrador, Sérgio, apresenta suas memórias de infância e adolescência num colégio interno chamado Ateneu. Assim, o foco narrativo em primeira pessoa impede a tão valorizada objetividade e imparcialidade do Realismo-Naturalismo.

Além disso, não se deve esquecer que Sérgio é o alter-ego, ou seja, um outro “eu” de Raul Pompéia. Em outras palavras, o narrador recebe a personalidade e também as memórias do autor, já que este também estudou num internato, o Colégio Abílio, do Rio de Janeiro. Mais uma vez, carrega-se nas tintas do pessoalismo.

Reforça ainda mais essa subjetividade a forte aproximação que O Ateneu estabelece com outra escola literária, o Impressionismo. De fato, obedecendo a esse estilo, não há o relato exato e documental de fatos do passado. Raul Pompéia encaminha-se inúmeras vezes para a fixação de um momento, de um clima, de uma atmosfera perdida no passado. Ao invés de contar uma história, muitas vezes preocupa-se em relatar uma seqüência de impressões, sensações subjetivas que marcaram o narrador a ponto de atravessar o tempo e serem os elementos mais nítidos de sua memória.

No entanto, quando se mostra finca nos postulados realistas, o romance mostra um poder de crítica bastante eficaz e tudo de forma criativa, pois se faz por meio de um jogo entre o microcosmo (escola) e o macrocosmo (sociedade). Ou seja, a escola é um reflexo da sociedade, bastando para o autor, portanto, para criticar esta, apenas descrever as relações que se estabelecem naquela.

O ataque mais chamativo se estabelece em relação ao sistema educacional, representado na figura do Dr. Aristarco, diretor e dono do colégio. Além de ele se mostrar alguém bastante vaidoso, egocêntrico e autoritário, dotado de uma linguagem altissonante e retórica (já que a moralidade e a firmeza de caráter que anuncia em sua escola de fato não se realizam), chama a atenção a confusão que estabelece entre escola e empresa.

Magistral é o primeiro capítulo na realização dessa crítica. Vê-se um narrador que, abusando da ironia, apresenta Aristarco preocupado em pintar o colégio como um negociante preocupado com as aparências de sua venda ou mercearia. Não é à toa que o vocabulário usado nesses trechos é típico de estabelecimentos comerciais. Ademais, o tratamento dado aos alunos é diferenciado muitas vezes pelo poder econômico. Além disso, avassaladora é a descrição do diretor dedicando parte do dia ao livro de contabilidade da escola. Note, por fim, como o vocabulário pomposo e retumbante vai-se opor à decadência que grassa na escola, o que reforça a hipocrisia dominante não só no colégio, mas na sociedade, em que o ideal defendido mostra-se gritantemente diferente do real praticado. Pode-se ainda observar os métodos antiquados de pedagogia (apesar da propaganda em contrário), baseados na humilhação pública.

Ainda dentro do Realismo, há que se notar no romance sua vinculação ao Naturalismo (um subconjunto da literatura realista), principalmente na utilização de elementos que denotam um apego exagerado à sexualização. Destaca-se, numa visão que em muito lembra a teoria freudiana, o jogo entre implícito e explícito, declarado e escondido, desejado e reprimido, e principalmente entre masculino e feminino que muitas vezes resvala no homossexualismo. Nos primeiros dias de aula Sérgio recebe de seu colega de sala, Rebelo, o conselho de que não deveria aceitar a proteção de ninguém. É que a escola estava dividida entre os meninos que protegiam, dotados, pois, de masculinidade, e os meninos protegidos, frágeis, passivos e, assim, dotados do que era entendido, no contexto do romance, como feminilidade. Apesar de avisado, o protagonista não consegue manter por muito tempo a sua disposição por se impor no meio estudantil (há aqui um outro elemento realista-naturalista. A escola é apresentada como um meio hostil, em que os estudantes vivem constantes agressões entre si, tudo para a conquista de espaço e respeito. É como se fosse uma representação das forças que dominam em nossa sociedade), buscando logo a cômoda proteção de alguém mais velho. Surge então Sanches. O problema é que esse rapaz, descrito como baboso e fedido, demonstra outras intenções. Se ajuda Sérgio na recuperação de seu desempenho escolar, esmerando-se em aulas particulares, exagera nas demonstrações afetivas, chegando até a pedir que o protagonista sentasse em seu joelho.

Não se deve deixar de notar aqui mais uma crítica à hipocrisia. Sancho era um vigilante, aluno que tinha a função de zelar pelo comportamento dos outros. Além disso, era dos mais veementes defensores da “moral e dos bons costumes”. E justamente ele assediava Sérgio, com intenções nada benéficas. É mais um choque que servirá para o duro amadurecimento do protagonista – no sentido de despir-se dos idealismos do primeiro capítulo e aceitar as decepções e desencantos como naturais de nossa existência.

Ainda dentro do aspecto freudiano está o complexo de Édipo, apresentado numa forma mascarada. Tal se manifesta pela relação de antipatia que se estabelece entre os alunos do Ateneu e o diretor, que acaba se transformando na figura de um pai. Dessa forma, sua esposa, D. Ema, por ser carinhosa e muito protetora, acaba assumindo a função de mãe dos estudantes. Essa afetividade acaba até se manifestando em Sérgio, principalmente no final do romance, quando, doente, é cuidado por ela.

Somando-se aos elementos realistas, naturalistas e impressionistas, chamam a atenção em O Ateneu as recaídas que o autor tem no rebuscamento da linguagem, com subordinação exagerada e inversões desnecessárias, o que lembra um pouco o Parnasianismo. Note como tal se manifesta no texto abaixo, início do capítulo III:

Se em pequeno, movido por um vislumbre de luminosa prudência, enquanto aplicavam-se os outros à peteca, eu me houvesse entregado ao manso labor de fabricar documentos autobiográficos, para a oportuna confecção de mais uma infância célebre, certo não registraria, entre os meus episódios de predestinado, o caso banal da natação, de conseqüências, entretanto, para mim, e origem de dissabores como jamais encontrei tão amargos.

Ou então na famosa abertura do romance

“Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.” Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico, diferente do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso."

Não há como não enxergar positivamente a elaboração muitas vezes poética da linguagem no romance, com um intenso emprego de metáforas e outras figuras de linguagem. No entanto, o autor por vezes perde a mão, dificultando desnecessariamente a imediata compreensão do seu conteúdo.

Existe também em O Ateneu aspectos do Expressionismo, na medida em que seu traço, principalmente nas descrições, distorce a realidade por meio de caricaturas grotescas, que resvalam pelo exagero. Note como isso se manifesta na descrição que Sérgio faz dos seus colegas de sala.

”Os companheiros de classe eram cerca de vinte; uma variedade de tipos que me divertia. O Gualtério, miúdo, redondo de costas, cabelos revoltos, motilidade brusca e caretas de símio — palhaço dos outros, como dizia o professor; o Nascimento, o bicanca, alongado por um modelo geral de pelicano, nariz esbelto, curvo e largo como uma foice; o Álvares, moreno, cenho carregado, cabeleira espessa e intensa de vate de taverna, violento e estúpido, que Mânlio atormentava, designando-o para o mister das plataformas de bonde, com a chapa numerada dos recebedores, mais leve de carregar que a responsabilidade dos estudos; o Almeidinha, claro, translúcido, rosto de menina, faces de um rosa doentio, que se levantava para ir à pedra com um vagar lânguido de convalescente (...)”

Em suma, a riqueza do estilo de Raul Pompéia, apresentando elementos realistas, naturalistas, parnasianistas, impressionistas e expressionistas, permite com que sua obra O Ateneu fuja a toda e qualquer padronização literária simplista. Torna-se, pois, um dos momentos mais brilhantes da Literatura Brasileira no século XIX. 

MARANHÃO SOBRINHO


(1879-1915)


Fundador com Antonio Lobo, I. Xavier de Carvalho e Corrêa de Araújo, entre outros, do movimento de renovação literária denominado Os Novos Atenienses, que em fins do século XIX e início do século XX sacudiu o meio intelectual de São Luís com idéias e conceitos vanguardistas, Maranhão Sobrinho foi o mais singular poeta de sua geração.

Boêmio, por vezes até mesmo desbragadamente ébrio, José Américo Augusto Olimpio Cavalcanti dos Albuquerques Maranhão Sobrinho* nasceu em Barra do Corda, interior do Estado, em 25 de dezembro de 1879, e morreu ainda jovem, em Manaus, no mesmo dia em que completava 36 anos. Nesse breve espaço de tempo, encarnou como poucos a figura trágica do poeta dominado por suas angústias existenciais - viveu rápido e intensamente: suas dores, reais ou imaginadas, lançaram-no na sôfrega busca pelo prazer e no caminho da autodestruição.

Mas se ele era essa espécie de romântico trágico na vida pessoal, sua poesia está em outro patamar. Simbolista ortodoxo, foi um visionário capaz de construir imagens perturbadoras em versos admiravelmente bem urdidos, sensualmente mórbidos, onde por trás de cada palavra flutua, não muito distante, a imensa sombra de um amargo pessimismo com o mundo e com as pessoas.

Sem dispor de recursos financeiros, publicou seus trabalhos com grande dificuldade. Foram ao todo três livros editados de modo bastante precário, com circulação restrita à província. Além disso, apenas colaborações esparsas, ainda que numerosas, em revistas e jornais de São Luís. Muito embora sua obra ainda não tenha sido objeto de um estudo mais aprofundado, a crítica nela destaca uma bem assimilada influência de Baudelaire e Verlaine, considerando-o ao mesmo tempo um dos luminares do movimento simbolista no Brasil - quase no mesmo nível ocupado por Cruz e Souza e Alfonsus Guimaraes, expoentes máximos da escola.

De qualquer sorte, coube a Maranhão Sobrinho ser um poeta representativo do período de transição da literatura maranhense - teve o talento amplamente reconhecido, tanto pelo público quanto por seus pares, foi um dos fundadores da Academia Maranhense de Letras, mas sofreu estilisticamente na difícil tarefa de buscar uma síntese convincente entre o Romantismo ainda em voga, o Parnasianismo e o Simbolismo. Reflexos dessa luta estéril são visíveis em seus poemas. Houvesse vivido mais alguns anos, talvez sua obra conseguisse escapar dessa
armadilha literária, atingindo novas e inesperadas dimensões.

Ainda assim, figura em destaque no Panteon dos poetas maranhenses de todos os tempos.

*NR - ou apenas de Albuquerque, como preferem outros biógrafos.

Obra poética: Papéis Velhos... Roídos pela Traça do Símbolo (1908);Estatuetas (1909); Vitórias-Régias (1911).


                   SOROR TERESA

                   ... E um dia as monjas foram dar com ela
                   morta, da cor de um sonho de noivado,
                   no silêncio cristão da estreita cela,
                   lábios nos lábios de um Crucificado...

                   somente a luz de uma piedosa vela
                   ungia, como um óleo derramado,
                   o aposento tristíssimo de aquela
                   que morrera num sonho, sem pecado...

                   Todo o mosteiro encheu-se de tristeza,
                   e ninguém soube de que dor escrava
                   morrera a divinal soror Teresa...

                   Não creio que, de amor, a morte venha,
                   mas, sei que a vida da soror boiava
                   dentro dos olhos do Senhor da Penha...

                                               Papéis Velhos... Roídos  pela Traça do Símbolo, 1908


TELA DO NORTE

                   No estirão, percutindo os chifres, a boiada
                   monótona desliza; ondulando, a poeira,
                   em fulvas espirais, cobre toda a chapada
                   em cujos poentes o sol põe uns tons de fogueira.

                   Baba de sede e muge a leva; triturada
                   sob as patas dos bois a relva toda cheira! 
                   Boiando, corta o ar a mórbida toada
                   do guia que, de pé, palmilha à cabeceira...

                   Nos flancos da boiada, aos recurvos galões
                   as éguas, vão tocando a reses fugitivas
                   o vaqueiros, com o sol nas pontas dos ferrões...

                   E, do gado o tropel, com as asas derreadas
                   quase riscando o chão, que o sol calcina, esquivas,
                   arrancam coleando as emas assustadas...

                                        Estatuetas, 1909