Humberto de Campos Veras (Miritiba, 25 de outubro de 1886 — Rio de Janeiro, 5 de dezembro de 1934) foi um jornalista, político e escritor brasileiro.
Biografia
Era filho de Joaquim Gomes de Farias Veras e Ana de Campos Veras. Nasceu no então município maranhense de Miritiba - hoje batizado com o seu nome. Com a morte do pai, aos sete anos, mudou-se para São Luís e, aos dezessete, foi para o Pará, onde trabalhava como jornalista.
Aos 24 anos publica seu primeiro livro de versos (1910), intitulado "Poeira", que lhe dá razoável reconhecimento além do Norte e Nordeste. Dois anos depois muda-se para o Rio de Janeiro, continuando a carreira jornalística e, como ativista, tornou-se famoso sob o pseudônimo de Conselheiro XX.
Em 1920 ingressa na política, elegendo-se deputado federal pelo estado natal, e renova-o, sucessivamente, até perder o mandato com a Revolução de 1930. Getúlio Vargas, admirador do escritor, nomeia-o diretor da Casa Ruy Barbosa.
Sem estudos, Campos entretanto foi um dos grandes autores brasileiros, mesmo que seus escritos não tenham o merecido destaque. Inovou nas crônicas, adicionando ao estilo novos elementos. Quando adoeceu, mudou completamente seu estilo: de mordaz e cômico, transformou-se num arauto em defesa dos menos favorecidos, encontrando agora consolo por parte dos mais pobres.
Abandonado pelos parentes e antigos amigos poderosos, persiste contudo em sua nova e definitiva fase. Recebe dezenas de cartas de pessoas carentes. Submete-se a várias operações, fica cego, e assim falece, justamente quando nascera um "novo" Humberto de Campos.
Academia Brasileira de Letras
Eleito para a cadeira 20, cujo patrono é Joaquim Manuel de Macedo, da qual foi o terceiro ocupante, foi recebido a 8 de maio de 1920, por Luís Murat.
Obras
Além do Conselheiro XX, Campos usou os pseudônimos de Almirante Justino Ribas, Luís Phoca, João Caetano, Giovani Morelli, Batu-Allah, Micromegas e Hélios. Deixou Humberto de Campos um diário secreto, publicado postumamente, causou enorme polêmica, destilando o autor críticas e comentários mordazes aos seus contemporâneos.
Além de Poeira, publicou:
Da seara de Booz - crônicas - 1918
Vale de Josaphat - contos - 1918
Tonel de Diógenes - contos - 1920
A serpente de bronze - contos - 1921
Mealheiro de Agripa - 1921
Carvalhos e roseiras - crítica - 1923
A bacia de Pilatos - contos - 1924
Pombos de Maomé - contos - 1925
Antologia dos humoristas galantes - 1926
Grãos de mostarda - contos - 1926
Alcova e salão - contos - 1927
O Brasil anedótico - anedotas - 1927
Antologia da Academia Brasileira de Letras - participação - 1928
O monstro e outros contos - 1932
Memórias 1886-1900 - 1933
Crítica (4 séries) - 1933, 1935, 1936
Os países - 1933
Poesias completas - reedição poética - 1933
À sombra das tamareiras - contos -1934
Sombras que sofrem - crônicas - 1934
Um sonho de pobre - memórias - 1935
Destinos - 1935
Lagartas e libélulas - 1935
Memórias inacabadas - 1935
Notas de um diarista - séries 1935 e 1936
Reminiscências - memórias -1935
Sepultando os meus mortos - memórias - 1935
Últimas crônicas - 1936
Contrastes - 1936
O arco de Esopo - contos - 1943
A funda de Davi - contos - 1943
Gansos do capitólio - contos - 1943
Fatos e feitos - 1949
Diário secreto (2 vols.) - memórias - 1954
Psicografia
É polêmica antiga no meio jurídico o valor probatório da psicografia. O caso mais famoso indubitavelmente foi o de Humberto de Campos. A partir de 1937, três anos após a morte de Campos, várias crônicas e romances atribuídos ao escritor começaram a ser psicografados pelo médium brasileiro Chico Xavier. Entre as obras, todas editadas pela Federação Espírita Brasileira, a de maior notoriedade entre os espíritas brasileiros foi Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. No ano de 1944, a viúva de Humberto de Campos ingressou em juízo, movendo um processo contra a Federação Espírita Brasileira e Francisco Cândido Xavier, no sentido de obter uma declaração, por sentença, de que essa obra mediúnica "era ou não do 'Espírito' de Humberto de Campos", e que em caso afirmativo que ela tivesse os direitos autorais da obra. O assunto causou muita polêmica e, durante um bom tempo, ocupou espaço nos principais periódicos do País. A Autora, D. Catarina Vergolino de Campos, foi julgada carecedora da ação proposta, por sentença de 23 de agosto de 1944, do Dr. João Frederico Mourão Russell, juiz de Direito em exercício na 8º Vara Cível do antigo Distrito Federal. Tendo ela recorrido dessa sentença, o Tribunal de Apelação do antigo DF manteve-a por seus jurídicos fundamentos, tendo sido relator o Ministro Álvaro Moutinho Ribeiro da Costa.
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